Vitamina A

As principais formas da vitamina A na dieta humana são a vitamina A pré-formada (retinol, ésteres de retinol) e os carotenóides pró-vitamina A, como o beta-caroteno (um dos principais nutrientes da cenoura), que são convertidos em retinol no corpo. A vitamina A pré-formada vem de produtos de origem animal, alimentos fortificados e suplementos vitamínicos, enquanto os carotenóides são encontrados em alimentos vegetais.

A  vitamina A tem como uma de suas principais funções, atuar nos olhos, permitindo se ajustarem em condições de pouca luz. A vitamina A também estimula a produção e a atividade dos glóbulos brancos, participa da remodelação óssea, ajuda a manter as células endoteliais (formam a camada mais superficial dos vasos sanguíneos, e são de suma importância no controle da distribuição de nutrientes para os tecidos) saudáveis[1], e regula o crescimento e a divisão celular, conforme necessário para a reprodução.

Apesar de algumas nuances nas legislações, abaixo estão ilustradas as recomendações diárias de ingestão da Organização Mundial da Saúde (OMS – Dietary Reference Intake) e da RDC 269/05 (IDR – Ingestão Diária Recomendada) para de Vitamina A[2]:

Evidências sugerem que consumir uma variedade de alimentos ricos em vitamina A, especialmente frutas e vegetais, podem proteger contra o desenvolvimento de doenças da visão relacionadas à idade, embora os benefícios da suplementação de vitamina A para a saúde ainda não esteja consolidado nos meios acadêmicos.

Muitos cereais matinais, sucos, laticínios e outros alimentos são fortificados com retinol (vitamina A pré-formada). Muitas frutas e vegetais e alguns suplementos contém carotenoides como o beta-caroteno, licopeno, luteína ou zeaxantina, cada um com propostas diferenciadas entre si.

A deficiência de vitamina A é rara nos países ocidentais, mas pode ocorrer. Condições que interferem na digestão normal podem levar à má absorção de vitamina A, como doença celíaca, doença de Crohn, cirrose, alcoolismo e fibrose cística. Também estão em risco adultos e crianças que comem uma dieta muito limitada devido à pobreza ou autorrestrição. A deficiência leve de vitamina A pode causar fadiga, suscetibilidade a infecções e infertilidade.

A toxicidade da vitamina A pode ser mais comum do que uma deficiência, devido à ingestão descontrolada de altas doses de vitamina A pré-formada (retinol) com o uso incorreto de alguns suplementos. Dada a solubilidade em gorduras da vitamina A, seu excesso pode normalmente é acumulado no fígado e tecido adiposo, podendo causar danos a estas estruturas, comprometendo o funcionamento adequado do corpo. 

A ingestão máxima tolerável de 3.000 µg de vitamina A pré-formada, mais de três vezes o nível diário recomendado atualmente, é considerada segura. No entanto, há algumas evidências de que essa quantidade de vitamina A pré-formada pode aumentar o risco de perda óssea, fratura de quadril ou alguns defeitos congênitos. Outra razão para evitar o excesso de vitamina A pré-formada é que ela pode interferir nas ações benéficas da vitamina D. Os sinais de toxicidade incluem visão embaçada, dor nos ossos, náuseas, vômito, ressecamento da pele e sensibilidade à luz brilhante, como a luz solar.

Em contraste com a vitamina A pré-formada, o beta-caroteno não é tóxico, mesmo em altos níveis de ingestão. O corpo pode formar vitamina A a partir de beta-caroteno conforme necessário e não há necessidade de monitorar os níveis de ingestão como com a vitamina A pré-formada. Portanto, é preferível escolher um suplemento multivitamínico que contenha toda ou a grande maioria de sua vitamina A em a forma de beta-caroteno.

[1]    Célula endotelial é um tipo de célula achatada de espessura variável que recobre o interior dos vasos sanguíneos, especialmente os capilares sanguíneos, formando assim parte da sua parede.

[2]    Manual de Condutas Gerais do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A – http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_programa_nacional_vitamina_a_2edicao.pdf